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terça-feira, 8 de dezembro de 2015
segunda-feira, 7 de dezembro de 2015
Formação é continuidade!
Car@s educadoras(es), depois das reflexões teóricas e das atividades
práticas realizadas ao longo da segunda edição do Ìrètí - Formação em
Cultura Negra para Educadores vocês acessarão, neste blog, além dos
programas de cada um dos módulos com suas respectivas referências
bibliográficas, artigos de orientação conceitual dedicados aos educadores e
alguns planos de aula para subsidiar a implementação da lei 10.639/03 em sala
de aula e outros espaços educacionais com educandos. Ademais, alguns projetos
formulados pelos participantes do módulo de Práticas Educativas foram
disponibilizados pelos autores como resultado da participação na formação. Este
blog é dedicado a espaços de trocas de saberes tanto de caráter formal, como
escolas e cursos de especialização, como de caráter não-formal, como ong´s,
museus, etc. e está em permanente construção, então atuações colaborativas são
bem-vindas!
FESTAS E RELIGIOSIDADE
Neste módulo de conteúdo é possível encontrar referências sobre religiosidades e festas de matriz africana no Brasil.
ARTES VISUAIS E A CULTURA NEGRA
A fotografia como ferramenta para a construção de novos olhares.
HISTÓRIA
África para educadores. África para sala de aula.
FESTAS E RELIGIOSIDADE
Neste módulo de conteúdo é possível encontrar referências sobre religiosidades e festas de matriz africana no Brasil.
ARTES VISUAIS E A CULTURA NEGRA
A fotografia como ferramenta para a construção de novos olhares.
HISTÓRIA
África para educadores. África para sala de aula.
domingo, 6 de dezembro de 2015
Conclusão do módulo África e Brasil em Perspectiva
por Amanda Carneiro
Da África ao Brasil a viagem é longa, um desafio a ser cumprido em 4 encontros no CEU Tiquatira e em meio a tantas diversidades, singularidades, permanências e contradições.
Éramos muitos, vencendo o cansaço do dia para a noite trocarmos juntos reflexões e conhecimento. Há algo da experiência humana que é universal e que tratar como igual pressupõe negar essencialismos, estereótipos, imagens estanques, há ainda experiências absolutamente singulares e sobre as quais é preciso entender as diferenças sem exotizar, segregar, estigmatizar. No Brasil tem várias Áfricas e a Africa conheceu a experiência de viver em seu território parte da cultura brasileira, estamos ligados por essa força civilizatória que chegou aqui em um processo violento, como escravizada e que, a partir das suas inúmeras formas de resistência, conformou o nosso país. Conhecer essa História é conhecer a nós mesmos, mas não fosse isso e ainda seria importante. Se basta um passo para não estarmos mais no mesmo lugar, essa formação nos levou quilômetros a frente!
Conclusão do módulo Dança dos Orixás
por Solange Machado
A mitologia e dança dos orixas estimula, encanta, define e educa. Foi com essa visão que iniciei o modulo.
Esse grupo possuía uma curiosidade diferenciada sobre o ponto onde essa afirmação tomaria forma física. Os professores se tornaram alunos e os alunos professores durante a troca do que já conheciam sobre os orixás do novo e encantado mundo de possibilidades que as historias, a didática, a responsabilidade e a superação que estão guardadas na cultura do nosso povo trazem.
Receberam a cabaça com as sementes, agora cabe a eles espalhá-las. Que seja um novo tempo para todos, com muito axé e sabedoria.
Conclusão do módulo Artes Visuais e a Cultura Negra
por Juliana dos Santos
Creio que este módulo seria mais proveitos se
fosse continuação de um módulo básico de história, por exemplo. Um fator
instigante foi o fato de ter poucos professores de artes inscritos. Ocorreram
alguns imprevistos de ordem burocrática, na minha turma tinham cerca de 39
pessoas com muitas dúvidas referentes a certificados e pontuações na DRE. Como
eu não sabia responder gerou um pouco de stress, no primeiro dia a Thainá foi,
e explicou os processos, mas seria importante se eu tivesse acesso a essas
informações com antecedência para repassar aos professores, foi bastante
confuso pra mim e para os professores.
Iniciei o curso com um breve panorama
sobre os lugares do negro nas artes visuais brasileira. O processo de
desconstrução de olhares foi proposto a partir de leitura de imagens coletiva,
a partir de uma série de fotografas e imagens de diferentes representações do
negro ao longo da história da arte brasileira. Desde as pinturas e gravuras dos
viajantes do séc. XVI ao XIX e as fotografias dos cartões de visita até a
contemporaneidade com artistas negros que retomam estas representações de
maneira a ressignificar e tensionar os discursos racistas e preconceituosos. A
ideia era ampliar o repertório acerca da produção artística visual
afro-brasileira e analisar os discursos que propiciam a invisibilidade e
desvalorização da produção artística negra.
A princípio a proposta de atividade
prática para cada encontro era a produção de fotografias a partir dos temas e
conceitos discutidos em aula. Ao final do curso no último encontro
realizaríamos uma pequena mostra com as imagens produzidas pela turma. A
realização do exercício fotográfico era fundamental para a construção das
pautas para debates e ligação com os discursos dos artistas negros
selecionados.
Entretanto muitos professores não
realizaram as atividades o que prejudicou um pouco o andamento do curso
inicialmente proposto. Vale ressaltar que a grande parte dos professores não
tinha contato com os debates de relações étnico-raciais e tampouco acerca da
obrigatoriedade do ensino de arte e cultura afro-brasileira e africana pela Lei
10.639/03. Contudo os professores se demonstraram bastante interessados,
entretanto a maioria deles não tinham cursado outros módulos do Iretí. Acredito
que se eles tivessem a base da discussão conseguiríamos avançar mais na
discussão sobre arte.
Em vários momentos tive que parar o conteúdo
para retornar a conceitos básicos de diferenças entre racismo e bulling, cotas
raciais e sociais e sobre o termo “racismo ao contrário”. Foi bem difícil
trabalhar a desconstrução de estereótipos e debater sobre o racismo
institucional nas artes, nos currículos, conteúdos, museus e nas midias.
A experiência foi muito boa no final do
curso conseguimos chegar a leituras bacanas acerca da produção artística de
alguns artistas negros contemporâneos que usam o registro fotográfico e a
reedição de imagens como uma maneira de provocar outras maneiras de olhar para
arte. Muitos professores não conheciam nenhum artista apresentado nas aulas e
acharam importante tomar conhecimento de outras referências de imagens e de
arte para as suas aulas.
Conclusão do módulo Danças Africanas Tradicionais
por Regina Santos
Encontros
e reencontros. Assim foi o módulo de
Danças Africanas ao meu ver! Numa sexta feira a
noite encontrei um auditório
quase lotado com muito falatório,
olhos curiosos e cheios de expectativa! Assistimos um pequeno vídeo
sobre o significado de ritmo na cultura ao longo do continente africano, sim
porque ali desvendaríamos
essa cortina européia de que a África
teria uma única cultura. As primeiras impressões
apos o vídeo revelam nossa dissociação
com essa herança em nós:
" Eles têm muito ritmo". " Lá
as crianças aprendem desde cedo". "Eles
trabalham com ritmo, com canto e dança, né
diferente da gente"... Ali nos lembramos que também
temos ritmo pra trabalhar, pra andar, pra mamar, pra ninar, pra caminhar.
Lembramos que as crianças aqui
também aprendem desde cedo a tocar tambor, a imitar
cantores e cantoras, a dançar as
danças tradicionais da nossa dita cultura popular,
maracatu, batuque, samba, funk...vendo assim que essa "África"
esse jeito de ser nem está tão
longe de nós! O encontro com a dança
revelou outras limitações:
" ai cansa, né?" Lá eles já
tem preparo", "as pessoas são
fortes, treinadas"! quase aquele lance "eles já
nascem com ritmo" ou "eu não tenho
ritmo viu?" E tantas outras ideias que vamos construindo. Reflexões
sobre o surgimento e significado das danças,
mostram trabalhadores da terra, da metalurgia, do comércio,
senhoras mais velhas, crianças,
pessoas gordas, enfim todo tipo de gente dançando a
mesma dança, cada um com seu jeito e condicionamento.
Outro vislumbre: quem codificou e disse que o canto, a música
e a dança não era
pra todos? Pra qualquer um? Dançar é
estar junto, é mudar nosso estado físico
e energético, é se
expressar, rir, é viver!!!
Entre dois feriados, nos
encontramos ali naquele teatro, compartilhamos histórias,
reflexões, pensamentos, impressões,
angústias, anseios, situações.
Durante nossos encontros um menino foi assassinado no Morro do Alemão
no Rio de Janeiro, discussões sobre
a redução da maioridade penal inundavam as redes
sociais, crianças foram barradas na escola por serem do
candomblé ou por terem cabelo no estilo black power, que atrapalha a visão
dos coleguinhas, terreiros foram queimados... E ali em meio a isso tudo, num
lugar onde as vezes taxi nem chega, atrás de uma
ocupação que virou favela, do lado das ruas onde me
criei e passei a infância, refletimos sobre nossa população
afrodescendente, sobre nossa negação até
hoje da marginalização
iniciada com o sequestro e escravidão dessa
população e o racismo e preconceito que até
hoje diminui radicalmente as oportunidades desse contingente na sociedade.
Mas como nossos antepassados também
nos ensinaram sempre há uma
maneira de resistir, sempre há uma
maneira de transformar e isso é
Sobreviver! Por isso também dançamos
o amor, a sensibilidade, a afetividade, a sexualidade que promove encontros e
gera vida! Pouco a pouco o corpo foi se permitindo vivenciar as danças,
a mente foi destravando estereótipos,
frustrações e descobrimos na roda de canto, no
compartilhamento das histórias de
amor, de conquistas, de encontros enlaçadas em
simples fios de barbantes que o fio com o passado não
se perde, que ele é nosso cordão
umbilical para nele adquirirmos esse poder de transformação
e esperança para reescrever com nossos corpos novos
passos, novas sensações. Saímos
renovados e com a certeza que andar pra frente é
encontrar o caminho de volta, a nós
mesmos, a nossa humanidade...
De volta a região
onde nasci, me criei e aprendi e admirei essas pessoas que ficaram acreditaram
e mantiveram acesa essa chama para que crianças como
eu fossem além-mar e retornassem. "Fui aprender a ler,
pra ensinar meus camaradas" com essa frase na marcante na voz de Maria
Bethânia nos despedimos na certeza de nossas
responsabilidades em aprender com outros olhos, outros corpos, outras culturas,
pra ensinar, melhor pra compartilharmos e nos tornarmos camaradas!!
Conclusão do módulo Tempo de Festa
Festas e Religiosidade
por Marcos Felinto
Na segunda edição de Ìretí:
formação em cultura negra para professores, notei uma grande maturação dentro
do grupo de formadores, que puderam aprimorar suas pesquisas anteriores e traze-las
novamente para o âmbito das sociabilizações, com foco e segurança, não sei
ainda se falo mais por mim, sei que esta foi a sinalização dada por minha
percepção. Os módulos foram coesos e bem integrados, de modo que
compuseram um panorama novo dentro do circuitos de formações para educadores,
novo não apenas por sua temática, mas principalmente pelas abordagens
propostas.
Me aventurei
mais uma vez no sentido de re-pensar festas e ritos afro brasileiros, desta fez
criando pequenas situações de troca vibracional, afinal ai está um dos muitos
motes para se festejar. Cantamos e tocamos sons do Rosário, sons de Benedito e
pensamos e lembramos a partir de nossos corpos o significado dos ritos, das
irmandades e das relações transpessoais, movidas por forças que paradoxalmente
dependem e independem de nós.
Pesquisamos em
conjunto o corpo, como suporte primeiro para a expressão, manutenção e criação
de heranças afro descendentes; as palmas, a dança e o canto coral (voz) nos
vieram como fundantes de uma cosmovisão impossível de ser conhecida fora do
campo da vivencia.
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